DEBATENDO A NEUROCIÊNCIAS - MÚSICA/CÉREBRO/SAÚDE....


A interface música, cérebro, neurodesenvolvimento e saúde-por Paulo Estevão Andrade e Elisabete Castelon Konkiewitz

1. Introdução
  

tocadores de Didgeridoo-aborígenes da Australia
A música sempre esteve presente em todas as culturas humanas existentes ou extintas, e sempre ligada às emoções. Ela deixa as pessoas alegres ou tristes, calmas ou ansiosas. Ela é inerente às interações mãe-criança e às tradições orais em rituais de música e dança e jogos. A presença ubíqua da música nas culturas humanas, e a similaridade funcional com que se manifesta, sugere uma profunda necessidade humana de criar, ouvir e fazer música, e uma natureza humana profundamente musical.
Entretanto, numa visão eminentemente culturalista da música, Abbate (1991 apud CROSS, 2001, p.1) sustenta que nossa percepção da música é sempre mediada pelas fórmulas verbais: “Não há nada de imanente em um trabalho musical (além da realidade material de seus traços sônicos e escritos) e nossas percepções das formas, configurações, significados, gestos e símbolos são sempre mediados pelas fórmulas verbais, como em uma escala maior pela ideologia e cultura”. Muitos teóricos, influenciados por essa abordagem também acreditam que as emoções musicais são dependentes da cultura e, portanto, não verdadeiras (Cross, 2001).
Porém, nos últimos 20 anos já se produziu evidência consistente e suficiente para acreditarmos que a percepção da música, com sua universalidade e seu imenso poder emocional, pode ser estudada em bases objetivas e científicas. Estes estudos estão revelando de forma crescente consistente que a música é um comportamento universal e, apesar das óbvias diferenças culturais, apresenta uma série de princípios universais de organização, e processamento afetivo, descortinando um horizonte promissor e amplo de utilização da música na educação e na saúde, tanto no aspecto cognitivo quanto no emocional
2. Universalidades Comportamentais e Neurológicas
                   Cada vez mais os princípios de seleção sexual e natural têm levado em consideração as evidências antropoculturais e os estudos psicológicos interculturais que revelam a existência de comportamentos e mecanismos cognitivos universais, tais como os números, a música e a linguagem, que, ao que tudo indica, são adaptações universais evolutivamente determinadas. Nesta perspectiva, o processo de seleção natural molda as espécies à sua ecologia não somente nos seus tratos físicos (força, agilidade, resistência, etc.) e fisiológicos (imunidade, alimentação, etc.), mas também nos seus tratos comportamentais, como a percepção dos objetos, sua permanência no tempo e no espaço, sua localização e numerosidade, assim como comportamentos sociais como a linguagem, a música, etc. A existência de comportamentos e mecanismos cognitivos que, pela sua universalidade, presença precoce em membros imaturos da espécie e grau de automaticidade com que são processados, sugere adaptações evolutivamente determinadas (GAZZANIGA, IVRY, MANGUN, 2006). Hoje, todas as evidências convergem no sentido de que a habilidade musical é um componente essencial da natureza humana e não há nenhuma sociedade conhecida desprovida de música (WALLIN, MERKER, & BROWN, 2000; para uma revisão veja ANDRADE, 2004).

Uma flauta com cerca de 30 mil anos, feita a partir do marfim das presas de um mamute-tem 18,7 cm-encontrada na suábia-sul da Alemanha
Uma vez que o cérebro é o órgão do comportamento a existência de comportamentos distintos e universais parecem refletir a seleção de sistemas neurais relativamente distintos selecionados pela evolução, e sua compreensão é fundamental para todos envolvidos na área da saúde (e também na educação). Estudos com lesões e neuroimagens mostram que uma significativa porção do cérebro humano é devotada de forma mais ou menos específica a comportamentos relevantes para a sobrevivência, formando sistemas cognitivos distintos para o processamento dos atributos físicos, biológicos e sociais do meio. Estudos sobre o desenvolvimento cerebral suportam uma estruturação cortical geneticamente determinada e a existência, desde o nascimento, de áreas cerebrais citoarquitetonicamente muito bem definidas e distintas que sugerem, de fato, certas especializações neuroanatômicas moldadas pela evolução biológica (veja ANDRADE,2006 a,b).

2. Cérebro, comportamento e cultura
Áreas do córtex cerebral superfície lateral

Assim, a porção posterior do neocórtex contém as áreas sensório-motoras específicas (unimodais) da visão (córtex occipital), audição (córtex temporal superior), tato (córtex parietal anterior), motricidade (córtex frontal), e as áreas de integração sensório-perceptiva no córtex parietal posterior. A parte anterior do neocórtex contém as áreas multimodais do córtex pré-frontal, o mais recente de todos, que se comunica com todas as áreas unimodais e é o principal centro do planejamento e controle das emoções. Já, o processamento das emoções biologicamente primárias (prazer/recompensa, alegria, tristeza, medo, raiva, e nojo) se dá em estruturas subcorticais filogeneticamente antigas no centro do cérebro, como o hipotálamo, gânglios basais, amídala, insula, bem como no córtex orbitofrontal (a parte inferior do córtex pré-frontal que fica logo acima das órbitas oculares) (GAZZANIGA, IVRY, MANGUN, 2006). Com relação à relativa especialização cerebral para certos comportamentos universais, os estudos com lesões e neuroimagem revelam áreas cruciais para a linguagem nos córtices frontal inferior, temporal superior e médio e temporoparietal do hemisfério esquerdo que, juntas, são globalmente referidas como áreas perisilvianas por ficarem em volta do sulco de Sylvius que separa o lobo temporal dos lobos frontal e parietal. O domínio espacial (processamento dos atributos físicos e navegação no ambiente) parece depender de circuitos temporoparietais do hemisfério direito, e o domínio numérico, intimamente relacionado ao espacial, parece envolver parte deste circuito bilateralmente (DRONKERS et al., 2004; para uma revisão veja ANDRADE, 2006a,b). A música parece depender crucialmente de circuitos neurais fronto-temporo-parietais do hemisfério direito, embora envolva extensas áreas dos dois hemisférios compartilhadas com outros domínios como linguagem e cognição espacial (ANDRADE, 2004).
Áreas do córtex cerebral-corte sagital- visão medial
 A inextricável ligação entre biologia e cultura é brilhantemente discutida por Geary (1996, 2001 apud ANDRADE & PRADO, 2003, p. 73-80) que, baseado em evidências, discute sobre como essas habilidades ‘biologicamente primárias’, como representação e navegação do espaço físico e numerosidade, habilidades sócio-cognitivas, etc. constituem um ‘esqueleto cognitivo’ no qual se desenvolvem as habilidades ‘biologicamente secundárias’ culturalmente desenvolvidas, tais como a aprendizagem dos símbolos numéricos e algébricos, do uso do sistema decimal, dos cálculos, a escrita e a música, respectivamente. Embora as habilidades secundárias dependam das habilidades biológicas primárias, o seu desenvolvimento é totalmente dependente da valoração cultural e práticas formais escolares, as quais, por sua vez, diferem de uma cultura para outra (ANDRADE & PRADO, 2003).
3. Aspectos universais do comportamento musical

Saraswati- deusa indu das artes, da música e do conhecimento
                 A pesquisa em bebês e as comparações inter-culturais são duas das principais abordagens empíricas para o estudo da contribuição dos aspectos culturais e universais para vários comportamentos, incluindo a música. A pesquisa com bebês ajuda a esclarecer as predisposições para o processamento musical que transcendem a cultura e a descrever como as propriedades específicas da cultura se desenvolvem (ANDRADE, 2004). As investigações inter-culturais comparam as respostas de ouvintes de contextos histórico-culturais diferentes procurando por fatores transcendentes à cultura e fatores específicos da cultura.

Adultos através das culturas brincam de jogos de imitação com as suas crianças que incorporam o caráter temporal da “alternância de vez” que também está presente na “dança rítmica” entre mãe e criança. Bebês humanos interagem com seus cuidadores produzindo e respondendo a padrões de som e ação. Estas interações controladas no tempo envolvem sincronismo e “alternância da vez” e são empregadas na modulação e regulação de estados afetivos bem como na aquisição e controle da atenção compartilhada

Primeiro, com relação à universalidade, há evidência de características comuns entre todas as músicas do mundo nos princípios subjacentes às melodias tais como: a) a organização das notas dentro de escalas musicais contendo de 5 a7 tons fechando no intervalo de oitava (escalas diatônicas consonantes), b) nas respostas às consonâncias e dissonâncias dos intervalos musicais (combinação de duas notas diferentes), e c) na organização temporal com uma tendência a formação de ritmos métricos (durações baseadas numa pulsação regular) (para uma revisão da literatura psicológica e neurocientífica veja ANDRADE, 2004). Há universalidade também nas expectativas melódicas, isto é, quais notas são esperadas, ou que melhor se encaixam como conseqüentes após uma dada seqüência de notas antecedentes (Eerola, 2003), bem como no julgamento emocional-afetivo das várias características musicais, como tempo (lento ou rápido), consonância (dissonante ou consonante), complexidade, intensidade, etc. (BALKWILL et al., 2004). Quanto à precocidade, hoje sabemos que os bebês processam os padrões musicais de forma muito semelhante aos adultos, preferindo os padrões universais acima reportados a outros, além de possuírem memória de longo prazo para melodias (ANDRADE, 2004; ANDRADE & BHATTACHARYA, 2003).

Córtex parietal: Área cerebral multimodal que integra informações de diferentes áreas sensoriais: visão, audição, tato, e propriocepção, envolvidos na construção de um modelo coeso do espaço externo a partir da associação das informações de diferentes modalidades sensório-perceptivas.

Além disso, as emoções musicais são reais e a maioria das pessoas alega ouvir música porque ela provoca emoções e alivia o tédio (PANKSEPP, 1995). Hoje também sabemos que ela não simplesmente simboliza emoções cuja compreensão ou apreciação depende exclusivamente da apropriação cultural dos códigos do sistema musical, mas sim é capaz de disparar fortes emoções de uma forma universal e independentemente da história sócio-cultural do ouvinte. As fortes emoções musicais podem ser de valências tanto positivas quanto negativas, e são altamente consistentes entre os sujeitos de várias culturas, tanto em estudos intra quanto inter-culturais, e com aspectos particulares e universais da estruturação musical (KRUMHANSL, 1997; BALKWILL et al., 2004). Essas respostas emocionais são acompanhadas por alterações psicofisiológicas ou autonômicas, como na circulação sanguínea, condutividades elétrica da pele, temperatura corporal, etc. (KRUMHANSL, 1997; KHALFA et al., 2002), as quais são geralmente descritas pelas pessoas como arrepios, calafrios, lacrimejamento, etc e estão relacionadas a ativações de áreas subcorticais das emoções envolvidas no comportamento aversivo (de fuga), tal como o giro parahipocampal, amídalas e outras, e no comportamento de recompensa/prazer (sexo, alimento) tais como o sistema mesolímbico de dopamina, córtex orbitofrontal e outras (BROWN et al., 2004).

A lição de música, 1877, por Lord Frederick Leighton

4. A interface música e saúde
Essas propriedades universais da música refletem propriedades anatômicas e fisiológicas de nossos circuitos auditivos, evoluídos para o processamento de eventos acústicos biologicamente relevantes (TRAMO et al., 2001): ”…nosso amor pela música reflete uma habilidade ancestral de nossos cérebros em transmitir e receber sons emocionais básicos” biologicamente relevantes e de efetuar “…movimentos rítmicos de nosso aparato motor instintivo/emocional evoluídos para indicar certos estados que possam promover ou prejudicar nosso bem estar (PANKSEPP and BERNATZKY, 2002, p.134).
De fato, os processos neurais subjacentes às respostas estéticas da música são muito mais claros e facilmente detectáveis cientificamente do que os das artes visuais (RAMACHANDRAN and HIRSTEIN, 1999), provavelmente porque a música deve exercer influências mais diretas e poderosas nos sistemas emocionais subcorticais do que as artes visuais. De fato, há estudos preliminares que mostram que drogas como a Naloxona e a Naltrexona, substâncias antagonistas (ou bloqueadoras) da ação de opióides endógenos (fabricados pelo próprio corpo) que são neurotransmissores envolvidos no sistema de recompensa/prazer e da analgesia, também reduzem as emoções e arrepios com a música (PANKSEPP and BERNATZKY, 2002).
Assim, com base nas evidências antropoculturais, neurobiológicas, e de estudos sobre o uso da música na saúde, nós argumentamos que:
a)      Diferentemente da linguagem oral, a música é tanto polissêmica e emocional quanto ‘corporificada’, envolvendo não somente o som, mas também a ação. Aqui, definiremos a música como uma forma de comunicação baseada no som construída a partir da organização sonora na altura (tons) e no tempo (metro e ritmo), corporificada no movimento e essencialmente emocional.
b)      Apesar de possuir substratos neurais relativamente específicos (circuitos temporo-frontais do hemisfério direito), a música é o comportamento que mais envolve áreas cerebrais distintas, incluindo as áreas lingüísticas esquerdas e, bilateralmente, áreas visuo-espaciais e motoras (veja ANDRADE, 2004). Seu amplo espectro cognitivo tem efeitos terapêuticos na melhora da memória autobiográfica em pacientes com demência, melhora nos sintomas de heminegligência em pacientes com AVC, repetição de palavras e memória verbal em pacientes afásicos, bem como capacidades cognitivas gerais de pacientes com demência. Melhorias significativas na habilidade de comunicação em crianças autistas (SÄRKÄMÖ et al., 2008) e habilidades fonológicas e de leitura-escrita em crianças disléxicas também têm sido demonstradas (OVERY, 2003). Os efeitos motores positivos da música já estão amplamente confirmados em pacientes com mal de Parkinson (PACCHETTI et al., 2000). Esses benefícios provavelmente também se devem ao poder emocional-afetivo da música.
c)      A música desencadeia natural e automaticamente emoções biologicamente primárias, como alegria e tristeza, surpresa e medo, raiva, nojo, etc. Emoções musicais negativas (principalmente música dissonante) ativam o giro parahipocampal e a amídala e estão associadas à liberação de noradrenalina na circulação sangüínea, correlatos neurofisiológicos do comportamento de fuga ou medo.  Emoções musicais positivas (principalmente música consonante) ativam áreas cerebrais envolvidas no comportamento de recompensa/prazer (sexo, alimento, etc.), como o sistema mesolímbico de dopamina (área tegmentar ventral do mesencéfalo e o núcleo acumbente dos gânglios da base) e o córtex orbitofrontal (veja Andrade, 2004). Assim, a audição de música relaxante/prazeirosa (consonante) incrementa a recuperação das funções respiratórias e cardiovasculares e diminui o nível de cortisol após o estresse (KHALFAet al., 2003), reduz a ansiedade a depressão (SÄRKÄMÖ et a., 2008), e possui efeitos analgésicos (ROY et al., 2008).
d)     Graças à plasticidade cerebral, a música é uma poderosa ferramenta terapêutica de baixo custo e risco, com efeitos positivos significativos na atenção, processamento semântico, memória, funções motoras e emoções. A música pode e deve ser usada tanto em casos clínicos de lesões cerebrais e doenças degenerativas, como em intervenções de distúrbios do comportamento e emocionais, e, finalmente, em intervenções psicopedagógicas.
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